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Qualquer ideia que te agrade,
Por isso mesmo é tua.
O autor nada mais fez que vestir a verdade
Que dentro de ti se achava inteiramente nua...
"Mário Quintana"
REDAÇÃO CRIATIVA
REDAÇÃO CRIATIVA
Não é por acaso que iniciei esta apresentação da "oficina de redação criativa", com a relação de alguns livros que li, já pensando nesse projeto. Aliás é justo dizer, que as forças que me impulsionaram nesta direção foi, primeiramente o gosto pela leitura. Gosto esse que não caiu do céu, foi habilmente implantado em meu subconsciente pela minha primeira professora do primário e posteriormente, outros professores no ginásio e pré-vestibular o fizeram com igual habilidade, além de trazerem de volta o objeto livro e o prazer da leitura.
Não me lembro de ouvir histórias lidas por minha mãe. Mas, com a 4ª série do primário que cursou, na escola que meu avô construiu em sua fazenda, junto com outros proprietários da região, deu a ela conhecimentos de leitura, escrita e sabedoria para, assim que chegasse em contagem nos matriculasse: eu, meu irmão e minhas três irmãs no "Colégio Helena Guerra" no Bairro Eldorado. Na ocasião, seguindo uma pesquisa que havia feito junto às novas vizinhas, ficou sabendo do carinho e do zêlo que as irmãs tinham com as crianças alí matriculadas. E foi alí. Naquele ambiente "iluminado" que fui ter contato com as histórias que a nossa professora lia, como ponto de partida para suas aulas de alfatização.
O tempo passou. Não sei como começou... Mas de repente, me vi lendo assíduamente revistas em quadrinho e frequentando as matinês no cine Manaus, no bairro Amazonas. Entre trocas , compras e vendas de revistas, antes das sessões do cinema.
O meu primeiro livro de "peso" dois volumes com 500 páginas cada, foi a história de uma criança que ficou perdida na selva e foi adotada por uma família de macacos. Essa história deu orígem ao filme do "TARZAN (filme Americano)" que era, junto com o Nacional Kid (filme Japonês) os que mais passavam nos cinemas de bairro, muito comum nos anos 70 em Belo Horizonte e nos municípios que compõem, hoje, a grande BH.
Não tenho dúvidas. A minha história levou-me aos bancos da PUCMG. E de lá saí um professor de Língua Portuguesa. E são as minhas lembranças, a minha trajetória acadêmica e a minha experiência de 20 anos, lecionando: Portugues, redação e literatura para crianças do ensino fundamental e médio, em escolas públicas estaduais e municipais que me inspiraram "O Português em Destaque" e a "Oficina de redação criativa".
Com a oficina de "redação criativa" vamos atender crianças, jovens e adultos que queiram viajar conosco nessa nave intercontinental carregada de talentos, informações e possibilidades. Conhecer os poetas, cantores, escritores, músicos e artistas desse brasil de muitas vozes, cores e sabores. Incentivar jovens leitores a lerem e escreverem mais e melhor a respeito da nossa realidade. Levando sempre em conta que: aprende-se a ler, lendo bons autores / aprende-se a escrever, escrevendo cada vez mais. Como fazem esses grandes mestres indicados a seguir: a quem desde já agradeço a disponibilização de suas experiências para o início de nossos trabalhos
NATALIE GOLDBERG
Escrevendo
com a Alma
Liberte o escritor que há em você
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
O elemento básico da prática de escrever é o exercício com tempo determinado Você pode estabelecer seu lmite em dez minutos, vinte minutos ou uma hora. A escolha é sua . É possível começar com pouco e aumentar o tempo depois de uma semana , ou se jogar de cabeça por uma hora já na primeira vez. Não faz diferença. O importante é que você cumpra o limite de tempo estipulado para aquela sessão:
1. Mantenha a mão em movimento. Não pare para reler a linha que acabou de escrever. Isso é se retardar e tentar controlar o que você
está dizendo.
2. Não rasure. Isso é editar enquanto escreve. Mesmo que escreva algo que não pretendia escrever, deixe como está.
3. Não se prenda a ortografia, pontuação, gramática. Tampouco se prenda às margens ou às linhas da página.
4. Solte o controle.
5. Não pense. Não tente ser lógico.
6. Pegue na veia. Se surgir algo muito forte ou muito chocante no seu texto, mergulhe fundo. É provável que ali exista uma grande fonte
de energia.
Essas são as regras. É importante respeitá-las, pois o objetivo aqui é justamente conseguir chegar até aquelas primeiras impressões; é voltar àquele momento longíquo no qual a energia não havia sido obstruída pelas boas maneiras ou pelo censor interior; é retornar àquele instante em que você escreve exatamente aquilo que a sua mente vê e sente, Não aquilo que a mente pensa que vê e sente. É uma boa oportunidade para captar todas as estranhesas da sua mente. Explore o lado mais áspero do pensamento. É como ralar uma cenoura: dê ao papel as lascas coloridas da sua consciência.
Essas ideias iniciais guardam uma energia tremenda. São as primeiras impressões que a mente produz a respeito das coisas. O censor interno geralmente as reprime e, por essa razão, permanecemos no nível das segundas e das terceiras impressões, impressões de impressões, distantes duas, três vezes daquela primeira imagem original. Digamos , por exemplo, que a frase "Arranquei a margarida da garganta" tenha surgido em minha mente. Num segundo momento, meu cérebro - cuidadosamente condicionado pela lógica que diz que 1 + 1 = 2, pela polidez, pelo medo e pela timidez diante do que é natural - responderá: "Isso é ridículo. Você parece um suicida. Não retrate a si mesma tentando cortar a garganta. Pensarão que você é maluca." Se dermos ouvidos ao nosso censor interior, escreveremos: "Minha garganta estava um pouco inflamada, por isso não disse nada." Certinho e sem graça.
Além disso, as primeiras impressões não são tolhidas pelo ego, por esse mecanismo em nós que tenta exercer o controle, tentando provar que o mundo é permanente e sólido, constante e lógico. O mundo não é permanente: é mutante e está repleto de sofrimento. Assim, se você expressa algo sem a influência do ego, o resultado também estará repleto de energia , pois expressará as coisas tal como são de verdade. Em vez de carregar o peso do ego em sua expressão, estará velejando nas ondas da consciência humana e usando seu arsenal de particularidades para retratar a viagem.
Na meditação zen, costumamos sentar numa almofada chamada zafu, com as pernas cruzadas, coluna ereta, mãos nos joelhos ou na frente do corpo, numa posição denominada mudra. Posicionamos-nos diante de uma parede branca e observamos nossa respiração. Independentemente do sentimento que estamos experimentando no momento - tempestades de ódio e resistência, furacões de alegria e de tristeza -, permanecemos sentados, coluna ereta, pernas cruzadas, olhando para a parede. Aprendemos a não nos deixar abalar pela emoção ou pelo pensamento, por mais intensos que sejam. A disciplina é esta: permanecer sentado.
O mesmo ocorre com a escrita. Você precisa ser um grande guerreiro quando toma contato com as suas primeiras impressões e escreve a partir delas. Sobretudo no início, é provável que você seja arrebatado por uma forte emoção ou energia, mas não pare de escrever. Continue usando a caneta e registrando os detalhes da sua vida até chegar ao cerne. Nas aulas iniciais, é comum os alunos chorarem ao ler seus textos. Isso é normal. Às vezes, choram até quando estão escrevendo. Estimulo-os a continuar lendo ou escrevendo mesmo entre lágrimas. Desse modo, completam a tarefa e não se deixam desconcentrar pela emoção. Não se deixe interromper pelo choro; prossiga até encontrar a verdade. Disciplina é isso.
Acima de tudo, sabe por que as primeiras impressões são tão poderosas? Porque são sinônimos de frescor e inspiração. Inspiração vem de inspirar, inalar. Inalar de Deus. Na verdade, você se torna maior do que si mesmo e as primeiras impressões se fazem presentes. Elas não são um simulacro daquilo que está realmente acontecendo ou daquilo que estamos sentindo. O presente está imbuído de uma energia extraórdinária. As coisas são o que são. Ao sair de um retiro de meditação, uma amiga budista comentou: "As cores ficaram muito mais vibrantes." Ao que seu instrutor respondeu: "Quando estamos presentes, o mundo se torna verdadeiramente vivo."
A PRÁTICA DE ESCREVER
Aprender a escrever requer prática. É como correr: quanto mais treinamos, melhor o nosso desempenho. Em certos dias, estamos sem vontade de correr e cada passo e uma luta naqueles cinco quilômetros. Mas corremos mesmo assim. Querendo ou não, treinamos. Ninguém fica esperando por uma inspiração ou por um desejo repentino de correr. Isso nunca acontecerá, principalmente se estivermos fora de forma ou evitando o exercício. Mas, se corremos com frequência, treinamos a mente para vencer ou ignorar a resistência. simplesmente corremos. Na metade do caminho, estamos adorando. No final, não queremos parar. E, quando paramos, não vemos a hora de começar de novo.
Com escrever também é assim. Uma vez envolvidos de corpo e alma na atividade, sempre nos perguntamos por que demoramos tanto tempo para sentar e começar a trabalhar. A prática realmente leva à perfeição. Você aprende a ter mais confiança no seu "eu" interior e a não ceder à voz que tenta desestimulá-lo a escrever. Achamos normal que um time de futebol treine por tantas horas seguidas antes de um jogo; entretanto, quando se trata de escrever, raramente nos damos a oportunidade de praticar.
Quando for escrever, não diga: "agora vou escrever um poema." Essa atitude o paralisará imediatamente. Evite ao máximo as expectativas. Diga: "Sou livre para escrever as maiores bobagens do mundo." Permita-se escrever sem destino. Tive alunos que afirmaram ter decidido escrever o maior romance americano e, desde então, não passaram da primeira linha. Se tiver muitas expectativas toda vez que se sentar à escrivaninha, o processo de escrever será sempre frustrante. Sem falar que toda essa ansiedade poderá afastá-lo ainda mais do exercício de escrever.
Minha regra é completar um caderno por mês. (Volta e meia crio essas regrinhas para mim mesma.) Simplesmente preenchê-lo. É assim o treino. Meu ideal é escrever todos os dias. Repito: trata-se de um ideal. Tomo cuidado para não me criticar nem ficar ansiosa se não consigo cumprí-lo. Não se pode viver preso a ideais.
Nos meus cadernos, não me preocupo com as margens laterais ou com a margem superior: uso a página toda. Não estou mais na escola. Não escrevo mais para o professor ler. Escrevo para mim mesma e, portanto, não preciso ater-me a limites, muito menos a margens. Isso me proporciona uma certa liença psicológica. E quando estou escrevendo, com a mão na massa, pouco me importa a ortografia ou a pontuação. Até minha caligrafia muda. Ela se torna maior e mais solta.
Muitas vezes, ao observar os alunos escrevendo na sala de aula, sou capaz de distinguir quais deles estão realmente presentes, de corpo e alma, naquele momento. Eles se mostram mais intensamente envolvidos na tarefa e exíbem uma postura corporal mais relaxada. Mais uma vez é como na corrida. Há pouca resistência quando o exercício é bem-feito. Todo o seu ser está em movimento: o "eu" não se separa do corredor. Quando estamos realmente presentes ao escever, não existe escritor, papel, caneta, pensamento. Só o escrever acontece - todo o resto desaparece.
Um dos principais objetivos da prática de escrever é aprender a confiar na sua mente e no seu corpo; tornar-se a cada dia mais paciente e menos agressivo. A arte pertence a um mundo maior. Se é um poema ou um conto, não faz lá muita diferença. O importante é o processo de escrever e viver. Muitos autores escreveram lívros fantásticos e acabaram loucos, alcoólicos, suicidas. Essa prática nos ensina a sanidade. Tentamos ser sãos enquanto escrevemos nossos poemas e contos.
Chogyam Trungpa Rinpoche, mestre budista tibetano, dizia o seguinte: "É preciso abrir-se mesmo em face da oposição mais hostil. Ainda que nada nos motive, devemos sempre desfolhar as pétalas do coração." O mesmo ocorre com a prática de escrever. É preciso continuar a se abrir e confiar na sua voz e no processo em si. No final, se o processo for bom, o resultado também será bom.
Certa vez, uma amiga me contou que, sempre que fazia um bom desenho em preto-e-branco e decidia colorí-lo, treinava antes com outras figuras de qualidade inferior, como uma de aquecimento. Praticar também é um aquecimento para qualquer coisa que você se proponha escrever. É o pontapé inicial, é a maneira mais primitiva e original de começar. A confiança que você adquire em sua voz interior pode ser direcionada a uma carta comercial, um romance, uma tese de doutorado, uma peça, um livro de memórias. Mas isso é algo a que você deve voltar sempre e sempre. Não pense: "Agora sim! Já sei escrever. Confio na minha voz. Estou pronto para escrever o romance do século." Estar pronto para escrever um romance é ótimo,mas nunca deixe de se dedicar ao treino. É isso que o mantém afinado, como um bailarino que faz aquecimento antes de dançar ou um atleta que faz alongamento antes de correr. Os corredores não dizem: "Corri ontem, então já estou preparado." Eles se aquecem e se alongam todos os dias.
A prática de escrever se estende a todos os aspectos da sua vida e não impõe nenhuma sequência lógica: nao há nenhum capítulo 19 dando dando sequência ao capítulo 18. É o momento de se soltar, de ser livre para misturar a lembrança da sopa que sua avó fazia com a imagem deslumbrante das nuvens vistas da sua janela. Não há uma direção a seguir e diz respeito somente a você e ao tempo presente. Imagine que a prática de escrever é um espaço que sempre o acolherá de braços abertos, sem lhe exigir nenhuma lógica ou coerência. É a nossa floresta selvagem, onde reunimos energia para ir aparar o nosso jardim, escrever nossos belos poemas e romances. É prática contínua.
Agora sente-se. Dê-me este momento. Escreva o que estiver passando por sua cabeça. Você pode começar com "neste momento" e acabar escrevendo sobre a gardênia que usou o seu casamento, sete anos atrás. Tudo bem . Não tente controlar nada. Esteja atento a tudo o que surgir e mantenha a mão em movimento.
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Francine Prose
- Para ler como um escritor
Um guia para quem gosta de livros e para quem quer escrevê-los
LEITURA ATENTA
A escrita criativa pode ser ensinada?
É uma pergunta sensata, mas por mais vezes que me tenha sido feita, nunca sei realmente o que responder. Porque se o que as pessoas querem dizer é "pode o amor à linguagem ser ensinado?", "pode o talento para a narração de histárias ser ensinado?", então a resposta é não. Talvez seja esta a razão por que a pergunta é formulada tantas vezes num tom cético que sugere que, diferentemente da tabuada de multiplicar ou dos princípios da mecânica automobilística, a criatividade não pode ser transmitida de professor para aluno. Imagine Milton inscrevendo-se num programa de pós graduação para obter ajuda com Paraíso perdido, ou Kafka suportando um seminário em que seus colegas o informa que, francamente, a passagem em que o sujeito acorda de manhã pensando que é um inseto gigante não os convence.
O que me confunde não é a sensatez da pergunta, mas o fato de que ela está sendo feita a uma escritora que ensinou escrita, intermitentemente, por quase 20 anos. Que impressão eu daria sobre mim, meus alunos e as horas que passamos na sala de aula se dissesse que qualquer tentiva de ensinar a escrita de ficçao é uma completa perca de tempo? Provavelmente teria de ir em frente e admitir que andei cometendo uma fraude criminosa.
Em vez disso, respondo, relembrando minha própria e valiosíssima experiência, não como professora, mas como aluna numa das poucas oficinas de ficção que frequentei. Foi na década de 1970, durante minha breve carreira como estudante de pós-graduação em literatura inglesa medieval, quando me foi permitido o prazer de fazer um curso sobre ficção. O generoso professor ensinou-me, entre outras coisas, a editar meu trabalho. Para qualquer, a capacidade de olhar uma frase e identificar o supérfluor, o que pode ser alterado, revisto, expandido ou - especialmente - cortado é essencial. É uma satisfação ver que a frae encolhe, encaixa-se no lugar, e por fim emerge numa forma aperfeiçoada: clara, econômica, bem definida.
Ao memo tempo, meus colegas proporcionavam-me meu primeiro público real. Nessa pré-história, antes que a massificação da fotocópia permitisse aos alunos distribuir manuscritos previamente, líamos nosso trabalho em voz alta. Naquele ano, eu estava começando o que viria a ser o meu primeiro romance. E o que fez uma importante diferença para mim foi a atenção que sentia na sala enquanto os outros ouviam. Fui estimulada pela ânsia que tinham de ouvir mais. Essa é a experiência que descrevo, a resposta que dou para as pessoas que me perguntam sobre o ensino de escrita criativa: uma oficina pode ser útil. Um bom professor pode lhe mostrar como editar o seu trabalho. A turma adequada pode formar a base de uma comunidade que o ajudará e sustentará.
Mas não foi nessas aulas, por mais úteis que tenham sido, que aprendi a escrever.
Como a maioria dos escritores, talvez todos, aprendi a escrever escrevendo e lendo, tomando os livros como exemplo.
Muito antes de a ideia de palestras de escritores passar pela mente de alguém, escritores aprendiam pela leitura de obras de seus predecessores. Eles estudavam métrica com Ovídio, construção de trama com Homero, comédias com Aristófanes; afiavam seu estilo absorvendo as frases claras de Montaigne e Samuel Johnson. E quem teria podido pedir melhores professores: generosos, não-críticos, abençoados com sabedoria e gênio, tão infinitamente magnânimos como só os mortos podem ser?
Embora muitos escritores tenham aprendido com os mestres de uma maneira formal, metódica -Harry Crews descreveu como analisou um romance de Graham Greene para ver quantos capítulos continha, quanto tempo abrangia, como Greene ligava com ritimo, tom e ponto de vista -, a verdade é que esse tipo de educação envolve mais frequentemente uma espécie de osmose. Depois que escrevo um ensaio em que cito extensamente grandes escritore, tendo de copiar longas passagens de suas obras, noto que meu próprio trabalho se torna um pouco mais fluente, ainda que por um breve momento.
No processo de me tornar uma escritora, li e reli os autores de que mais gostava. Lia por prazer, primeiramente, mas também de maneira mais analítica, consciente do estilo, da dicção, do modo como as frases eram formadas e como a informação estava sendo transmitida, como o escritor estava estruturando uma trama, criando personagens, empregando detalhes e diálogos. E à medida que escrevia, descobri que escrever , como ler, fazia-se uma palavra por vez, um sinal de pontuação por vez. Requer o que um amigo meu chama de "por cada palavra em xeque": mudar um adjetivo, cortar uma frase, remover uma vírgula e por a vírgula de volta.
Leio minuciosamente, palavra por palavra, frase por frase, ponderando cada aparentemente mínima decisão tomada pelo escritor. E embora seja impossível recordar todas as fontes de inspiração e instrução, posso lembrar os romances e contos que me pareceram revelações: poços de beleza e prazer que eram também livros didátics, aulas particulares da arte da ficção.
Este livro pretende ser em parte uma resposta a essa pergunta inevitável sobre como os escritores aprendem a fazer algo que não pode ser ensinado. O que os escritores sabem é que, em última análise, aprendemos a escrever com a prática, o trabalho árduo, a repetição de tentativas e erros, o sucesso e o fracasso e com os livros que admiramos. Assim, o livro que se segue representa um esforço para recordar minha própria educação como romancista e ajudar o leitor apaixonado e aquele que deseja ser escritor a compreender como um escritor lê.
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Anne Lamott
- Palavra por Palavra -
Instruções sobre escrever e viver
Você acha que tem um livro dentro de você? Anne Lamott vai lhe mostrar como colocá-lo para fora
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Meu pai e minha mãe liam sempre que tinham uma oportunidade e, toda quinta - feira à noite, iam comigo e com meus irmãos à biblioteca para que pegássemos livros para a semana seguinte. Na maioria das noites, depois do jantar, meu pai se esticava no sofá para ler,minha mãe ficava sentada na poltrona com seu livro, enquanto nós, os três filhos, nos recolhíamos em nossos cantos particulares de leitura. Geralmente, nossa casa ficava muito silenciosa à noite - a menos que alguns dos amigos de meu pai estivessem nos visitando. Ele era escritor, assim como a maioria dos hom àsens com quem andava. Eles não eram as pessoas mais silenciosas do mundo, mas de modo geral, eram muito viris e gentis. Às tardes, quando o trabalho do dia chegava ao fim, eles costumavam ir ao bar sem nome em Sausalito, mas às vezes iam tomar alguns drinques em nossa casa e acabavam ficando para jntar. De vez em quando, um deles desmaiava sobre a mesa. Embora os aorasse, eu era uma criança ansiosa e achava aquilo desconcertante.
Todas as manhãs, independentemente da hora em que havia ido dormir, meu pai se levantava às cinco e meia, ia para o escritório e escrevia durante cerca de duas horas. Em seguida, preparava o café da manhã para todos, lia o jornal com minha mãe e voltava a trabalhar pelo resto da manhã. Levei muitos anos para perceber que ele havia escolhido aquele trabalho e que não estava desempregado nem tinha problemas mentais. Eu queria que ele tivesse um emprego convencional, que usasse gravata, que saisse com os outros pais, ficasse sentado numa pequena sala e fumasse. Mas a ideia de passar dias inteiros num escritório não combinava com a alma dele. Acho que isso o teria matado. Meu pai morreu cedo, aos cinquenta e poucos anos, mas pelo menos viveu como queria.
Portanto, cresci com esse homem que ficava sentado à mesa de seu escritório o dia inteiro e escrevia livros e artigos sobre os lugares e as pessoas que tinha visto e conhecido. Ele lia muita poesia. Ele lia muita poesia . Às vezes viajava. Uma das dádivas de ser escritor é que a profissão lhe dá uma desculpa para fazer certas coisas, ir a alguns lugares e explorá-los. Outra vantagem é que escrever nos motiva a olhar a vida mais de perto.
A escrita ensinou meu pai a prestar atenção. Ele, por sua vez , ensinou outras pessoas a fazerem o mesmo e depois anotarem suas observações e seus pensamentos. Seus alunos eram os prisioneiros de Sam Quentin que participavam de um programa de redação criativa. Mas ele também nos deu importantes lições, sobretudo por meio do exemplo. Ele nos ensinou a escrever um pouquinho a cada dia e a ler todos os grandes livros e peças que chegassem nossas mãos; a ler poesia, a sermos ousados e originais e a nos permitirmos cometer erros. Porém, embora tenha ajudado a mim e aos prisioneiros a descobrir que queríamos compartilhar uma infinidade de sentimentos, observações, lembranças, sonhos e opiniões, todos nós ficamos um pouco ressentidos quando encontramos uma única condição: em algum momento tínhamos de sentar e escrever.
Ainda que eu sempre tenha achado essa tarefa difícil, acredito que foi mais fácil para mim do que para os prisioneiros, porque eu ainda era uma criança. Comecei a escrever aos 7 ou 8 anos. Eu era muito tímida e tinha uma aparência estranha, gostava mais de ler do que de fazer qualquer outra coisa, pesava cerca de 20 quilos e era tão tensa que caminhava com os ombros levantado até as orelhas. Andava assim por causa dos meninos mais velhos que zombavam de mim. Era como se estivessem me metralhando. Acho que eu tentava tapar os ouvidos com os ombros. Uma vez, assisti à filmagem de uma festa de aniversário a que eu tinha ido quando estava na primeira série, com todas aquelas crianças engraçadinhas brincando juntas. De repente, eu atravessava a tela sorrateiramente. Era muito provável que fosse eu quem me tornaria uma assassina em série ou teria dezenas de gatos quendo crecesse. Em vez disso, me tornei engraçada. Depois comecei a escrever , embora nem sempre sejam coisas engraçadas.
O primeiro poema que escrevi e atraiu alguma atenção era sobre John Glenn. A primeira estrofe era assim: "O coronel John Glenn foi para o céu/ em sua nave espacial, Amizade sete." Havia muitos versos. Era como as antigas baladas inglesas que minha mãe nos ensinava enquanto tocava piano, com 30 ou 40 versos cada.
A professora leu meu poema para a turma de segunda série. Foi um momento importante. As outras crianças me olharam como se eu tivesse aprendido a dirigir. O fato é que a professora havia inscrito o poema em uma competição de escolas estaduais da Califórnia e ele havia ganhado algum prêmio. Foi reproduzido em uma coletânea mimeografada. Logo percebi a emoção de ter um trabalho publicado, É uma espécie de verificação primal: você é publicado, logo existe. Que sabe de onde vem esta necessidade de aparecer fora de si mesmo em vez de se sentir aprisionado dentro de sua mente confusa? ver seu trabalho publicado é um conceito inclível: você pode obter muita atenção sem precisar realmente aparecer em lugar nenhum. Embora outras pessoas que têm algo a dizer ou que desejam ser marcantes - como músicos, atletas ou políticos - precisem aparecer em público, os escritores que costumam ser tímidos. podem ficar em casa e ainda assim serem famosos.
STEPHEN KOCH
OFICINA DE ESCRITORES
UM MANUAL PARA A ARTE DA FICÇÃO
Por 21 anos, entre 1977 e 1998, lecionei num dos mais notáveis programas de pós-graduação em escrita literária dos Estados Unidos, trabalhando com jovens aspirantes a escritor que tentavam aprender a misteriosa arte da ficção. Durante oito anos desse período, enquanto dava aulas em tempo integral, ocupei também a cadeira de professor titular do programa. Assim, por mais de duas décadas, sem pular um único semestre, dediquei grande parte da minha energia a refletir e a falar sobre a arte de ficção com alguns dos jovens mais promissores daquela geração, num diálogo que sempre se renovava e ganhava novos contornos. Trabalhei individualmente com muitas centenas de pessoas talentosas e tive o mudo prazer de ver muitas delas despontarem entre os jovens escritores de destaque da atualidade. Durante esse tempo, li milhares, talvez dezenas de milhares de originais nos mais diversos estágios. Editei, admirei, discuti, orientei, elogiei, questionei, duvidei, calei-me e tive esperanças. Fiz o que pude para ajudar as pessoas a provar seu talento, encontrar seu caminho, enfrentando todo tipo de problema de técnica literária que se possa imaginar. Embora não possa afirmar que sempre tenha encontrado soluções, aprendi muita coisa a respeito dos problemas. No constante empenho de ajudar as pessoas a solucioná-los, conheci fracassos, é claro, mas toda semana também via gente talentosa inventando saídas, encontrando na página uma trilha para a transcendência, descobrindo a maestria nas palavras, abrindo caminho rumo à clareza a passos às vezes pequenos e incertos, às vezes súbitos e gigantescos. Minha longa e completa imersão no ensino proporcionou-me um senso bastante apurado do que pode ou não ser ensinado sobre a produção de um texto narrativo.
Deixou-me também com uma profunda aversão à ideia de submeter às pessoas a um isolamento mortal a fim de perderem tempo reinventando a roda. Exceto no jornalismo, escrever é necessariamente um ofício solitário, a mais solitária de todas as artes. O excessivo quociente de solidão implícito no ato de escrever, assim como a necessidade não só de tolerá-la, mas até de amá-la, é uma característica inexorável do ofício e um dos fatos psicológicos mais evidentes que se deve entender acerca dele. No entanto, com muita frequência os aspirantes a escritor se condenam – como que como castigo pelo desejo de escrever – a achar sozinhos, meio por acaso e sem nenhuma ajuda, o caminho para os métodos mais elementares de fazê-lo. Esse desperdício absurdo não é necessário. Já há muita coisa que o escritor inevitavelmente destinado a resolver por si só, num esforço solitário. São problemas reais que não permitem que se perca tempo tateando atrás do óbvio. A maioria dos escritores costuma exagerar os obstáculos a serem transpostos para a realização de um bom trabalho. Até mesmo um pequeno problema técnico – por exemplo, como revisar uma primeira versão – pode deixá-los atrapalhados e sem ânimo. Tive conhecimento de projetos inteiros, meses e até mesmo anos de trabalho perdidos por causa de questões que poderiam ter sido resolvidas com meia dúzia de instruções eficazes e dez minutos de conversa objetiva.
Infelizmente, muita gente inteligente - em geral os adeptos da crença de que “escrever não se aprende na escola” – de fato acredita que os escritores devam aprender tudo sozinhos e por magia. Essas pessoas nem em sonhos esperariam que um pianista, um pintor, um compositor – para não falar um produtor de discos ou um diretor de cinema – descobrissem tudo sobre seu ofício sem contar com nenhuma ajuda. Pelo menos nessas áreas, ninguém teria a menor dificuldade de compreender o necessário intercâmbio entre o que deve ser ensinado e o que deve ser aprendido pela própria pessoa no exercício de qualquer técnica. Por que não seria assim com a escrita?
Este livro resulta do esforço de reunir e integrar aquilo que me parece ser um consenso entre os escritores a respeito das bases de seu ofício. Nestas páginas você ouvirá minha voz- uma variante em linguagem escrita da voz que emprego nos encontros reservados com meus alunos – e também muitas outras vozes, todas falando sobre a arte de escrever. A maioria dos escritores adora falar, e uma das coisas de que eles mais gostam é falar sobre escrever. Em entrevistas, cartas, conversas à mesa, biografias e manifestos, sempre se demoram a discorrer com surpreendente profusão de detalhes a respeito de como escrevem. Tudo isso compõe uma literatura técnica vasta e em grande parte inexplorada. São materiais antigos e modernos, que percorrem a história literária em todos os níveis da cultura, até mesmo o mais elevado. Algumas das mais importantes figuras da literatura clássica produziram duradoura ars poética. Sobre oratória, poesia, drama, eloquência e o sublime formam uma parte extensa e essencial da antologia clássica. Não são poucas as passagens da tradição profética da bíblia que podem ser lidas como uma meditação sobre o discurso inspirado, sobre o que ele é e como se realiza.
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Um grande tratado renascentista sobre teatro, poesia e o funcionamento da imaginação dramática encontra se inserido na obra de Shakespeare – uma arte poética produzida em seu momento culminante. Se prestar bastante atenção, você aprenderá a ouvir os grandes romancistas do século XIX refletindo quase sem cessar sobre o ato de escrever, sobre como escrever. O mesmo vale para muitas das grandes figuras do século XX. Por exemplo, um manual respeitável – e surpreendentemente espesso o sobre técnica literária pode ser compilado a partir de trechos selecionados dos romances de Hemingway. E só dos romances, sem contar as entrevistas.
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Procurei apresentar aqui um consenso livre, intuitivo, a respeito dos elementos básicos do ofício. O consenso naturalmente incorpora, e às vezes mascara, a discordância. Algumas pessoas – talvez você seja uma delas – podem discordar de alguma (ou muitas) coisas ditas aqui. Estou certo de que há, em algum lugar, alguma figura notável que objetará, com veemência e irritação, cada opinião que apresento neste livro. Contudo, no tocante à maioria das grandes questões – a “invenção” da história, o desenvolvimento das personagens, a criação de um estilo, a lógica interna da própria “invenção” -, parece haver entre os escritores mais concordância do que até eu mesmo esperava encontrar quando comecei. ...
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Só há um jeito de começar: é começar agora. Comece, se preferir, assim que terminar de ler esse parágrafo, ou, em todo caso, antes de concluir a leitura desse livro. Não tenho dúvida de que chegará o dia em que você será mais inteligente , ou mais bem informado ou mais bem habilidoso do que é agora, mas nunca estará mais pronto para começar a escrever do que neste exato momento. Chegou a hora. Você já sabe mais ou menos o que seria uma boa história. Já tem em mente uma situação humana que julga interessante. É o que basta. Comece com qualquer coisa que lhe dê o ímpeto para começar: uma imagem, uma fantasia, uma situação, uma lembrança, um gesto, um grupo de pessoas – qualquer coisa que estimule a sua imaginação. O trabalho consiste somente em colocar um pouco disso, ou tudo, em palavras capazes de alcançar e tocar um desconhecido, que você não vê, chamado leitor. Você precisa mergulhar nisso. E precisa fazê-lo agora.
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“Mas”, você talvez diga, “ainda nem sei qual é a minha história.” E respondo: “Claro que ainda não sabe qual é sua história.” Você é a primeira pessoa no mundo contá-la e não pode conhecê-la até que ela possa ser contada. Primeiro , você conta; depois, fica sabendo. Não é o contrário. Isso pode parecer ilógico,mas, para a mente narrativa, é a própria expressão da lógica. As histórias só se fazem conhecer, só se revelam – até mesmo para quem as conta – ao serem contadas. Como é possível contar uma história antes de você conhecê-la? Basta deixar que ela se conte por seu intermédio. Portanto, ao contá-la, deixe que ela dê as indicações do rumo a seguir. No começo, é preciso sentir o caminho, deixando-se guiar. Pode ser até que você acabe planejando nos mínimos detalhes toda a extensão da obra, como dizem que fez J.K.Rowling com todos os livros da série Harry Potter. Mas, na primeira fase da criação, a história deve ser extraída das sombras da imaginação e do inconsciente do autor.
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ESCREVA SOBRE “O QUE VOCÊ CONHECE”
O mais conhecido de todos os conselhos sobre como escrever é o velho clichê, sobre o qual discorreremos bastante ao longo desse livro. No entanto, assim como a maioria dos clichês, tem a virtude residual de ser uma meia verdade. Do ponto de vista literal, é um contra senso. Se o adotássemos de modo pouco imaginativo, ficaríamos reduzidos a uma laboriosa autobiografia. Mas, assim que você tiver apreendido o elo íntimo e mágico entre o que você “conhece” e o que você imagina, a velha máxima fará algum sentido. Gabriel García Márquez, que ninguém haveria de criticar por ser demasiado liberal, diz o seguinte: “Se tivesse que dar um conselho a um jovem escritor, diria que escrevesse sobre algo que lhe aconteceu; é fácil perceber se um escritor está escrevendo sobre algo que lhe aconteceu ou sobre algo que leu ou ouviu falar... Diverte-me que elogiem minha obra sobretudo pela imaginação, quando na verdade não há nela uma única linha que não se baseie na realidade.” ...
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VOCÊ E SEUS CADERNOS
Antes de fazer o trabalho principal e enquanto o faz, prepare seus cadernos. É preciso estar o tempo todo “preparando” mais de um projeto. Um escritor deve escrever sempre. Em qualquer momento da vida, deve estar elaborando algum projeto importante. Mas outras possibilidades também precisam germinar na retaguarda da vida literária, que é o caderno do escritor.
“O ofício do escritor”, diz Paul Johnson, “não deve resumir-se a determinados livros ou projetos. O insumo deve ser contínuo. Tudo é água para o moinho. Ele deve treinar-se para observar e registrar. É essencial ter cadernos de anotação e sempre levar um consigo. A regra deve ser: anote imediatamente. Nunca confie na memória. Ponha tudo no papel. Se você encontrar alguma coisa no jornal ou numa revista, recorte-a, não amanhã, neste instante...”
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A OFICINA DO ESCRITOR
sobre ler, escrever e publicar
Nelson de Oliveira
Esse é o título do lúcido e provocativo estudo de Gabriel Zaid - cujo subtítulo é: Sobre ler, escrever e publicar -, em que o poeta mexicano analisa a produção editorial ao longo da História. No início do primeiro capítulo, a previsão terrível:
A leitura de livros está crescendo aritméticamente, a escrita de livros está crescendo exponencialmente. Se nossa paixão por escfever não for controlada, no futuro próximo haverá mais pessoas escrevendo livros do que lendo.
Segundo Zaid, nós, cidadãos letrados do século XXI, sofremos de grafomania, ou seja, da compulsão pela escrita. Por razões afetivas, econômicas políticas e até mesmo puramente estéticas, a grande maioria das pessoas alfabetizadas é compelida a escrever.
E a escrever. Na internet, em jornais, revistas, em livros. Porque não basta apenas registrar as ideias e os movimentos mais profundos do espírito, é preciso fazer esse intenso movimento chegar às pessoas. Do contrário a vida em sociedade parece não fazer mais sentido.
Quem escreve quer ser lido, discutido, confrontado. As oficinas de criação literária - lical de produção e avaliação de textos - se difundiram pelo mundo em decorrência dessa necessidade.
Se escrever é algo que não dá para evitar, se o chamado da página em branco é maior que tudo, se a grafomania é fonte de dor mas também de grande prazer, então que a atividade literária seja exercida com convicção, disciplina e conhecimento.
Desde 2002, a fim de impor um pouco de ordem no fenômeno da grafomania, venho coordenando, nas mais diversas instituições, oficinas de criação literária para autores - poetas e prosadores - ainda em início de carreira. Convicção, disciplina e conhecimento são combustível que me incentiva a motivar os diletantes.
As centenas de oficinandos com os quais trabalhei, nesses tempos todos, reforçaram em mim a certeza de que a atividade literária, por mais que exija mita reflexão e método, é o campo das paixões. E das inquietações.
À mercê do fluxo incessante da sensibilidade conteporânea, uma oficina jamais foi ou será igual a outra. Desde o início sempre mudaram as certezas deste coordenador.
Mas, apesar disso, no caudaloso fluxo do mundo provisório certas certezas insistem em permanecer. Afinal sem elas não haveria literatura. São as certezas-ilhas, são as verdades cercadas de dúvida por todos os lados.
Este manual, pequena caixa de ferramentas para a mecânica poética, nasceu da minha necessidade de organizar as constantes teóricas que, entra ano sai ano, continual inalteradas. Ele traz a minha resposta para cada pergunta insistentemente formulada nas oficinas:
O que é prosa, o que é poesia, o que é proesia?
O que é conto, o que é crônica, o que é novela, o que é romance?
Pra que servem as oficinas, os clássicos, a crítica?
Como ingressar no mercado editorial, como fazer uma resenha, literatura tem sexo?
Enriquecendo o debate, no final desse manual há uma pequena bibliografia de apoio. Nos livros indicados, os leitoreságrafos - esses não têm interesse em escrever, apenas em ler (Zaid brincaria: "Pena que sejam tão raros") -, os leitores-escritores e os valorosos oficinandos encontrarão as respostas alheias, às vezes mais extensas do que as minhas, para essas mesmas perguntas. E para outras.
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