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aulaº 1

 

INTRODUÇÃO

Nós professores de Língua Portuguesa enfrentamos um problema que vem se agravando dia após dia. Os alunos concluem o ensino básico, na sua grande maioria, sem dominar, às vezes até odiando, a língua pátria.

O maior desafio na vida dos estudantes é entender a gramática da língua. Muitos deles não conseguem compreender o porquê da existência de tantas regras, e exceções, que, em seus entendimentos, não possuem nenhum valor. Daí vem a questão: deve-se continuar a minar esse pensamento nos alunos ou está na hora de mudar a maneira de se ensinar a norma?

A língua portuguesa dispõe de vários tipos de gramática, mas as principais são: a normativa, descritiva, gerativa e funcional. Três, dessas quatro, são desconhecidas pela maioria dos brasileiros, pois são estudadas somente nos cursos de graduação em Letras, a outra é comum a todos: a normativa. Ela é chamada assim porque é a responsável por essas regras que assombram a vida dos alunos.

Nos dias de hoje, deve-se mostrar a prática de uso da norma e não somente teorias e exemplos descontextualizados. Para que o estudante possa ver a importância de tantas regras, tem de se provar que o não uso pode provocar desde interpretações equivocadas até a impossibilidade de comunicação. Partindo desse ponto, surge a seguinte pergunta de pesquisa: Há como o professor utilizar o texto como base para o ensino da gramática?

A justificativa de se ter o texto como base para o ensino da gramática, de acordo com as novas perspectivas de ensino, está na impossibilidade de se ter como base a análise de estratos, os quais descontextualizados não têm valor para as competências: discursiva (capacidade de usar a língua de modo variado), linguística (capacidade de conhecer a língua de uma comunidade específica) e estilística (capacidade de conhecer diferentes estilos). Para que o aluno tenha o domínio dessas três competências, as quais norteiam o desenvolvimento do português, seja na fala ou na escrita, o texto é a ferramenta ideal.

Diante disso, este estudo, baseado em pesquisas bibliográficas, tem como objetivo geral mostrar a importância de contextualizar o ensino da gramática. Além de: conceituar gramática e texto; questionar os resultados do atual método de ensino da norma; refletir sobre as consequências do ensino da gramática nas perspectivas de hoje; conhecer os novos métodos de ensino.

Divide-se ainda, em quatro momentos: o primeiro dá o conceito geral de gramática e trabalha com cinco especificidades: gramática normativa, gramática descritiva, gramática gerativa, gramática internalizada e gramática funcional. No segundo momento, dá-se o conceito de texto e de seus tipos e gêneros, além de conceituar coesão e coerência. Em seguida, no terceiro momento, fala-se da aliança entre texto e gramática e por fim, dão-se sugestões para trabalhar texto e gramática juntos.

Aos professores de português cabe a obrigação de ensinar a norma culta, sem desprestigiar todas as questões norteadas nas outras gramáticas, pois essas devem trabalhar aliadas, de forma contextualizada para que o aluno perceba como se dá o uso da língua portuguesa, principalmente na escrita. Aos alunos cabe se adaptar a essa nova perspectiva de ensino, deixando de lado a resistência de produzir elementos que certamente colaborarão para o aprendizado dessas normas, principalmente o texto. É um trabalho conjunto. 

aulaº 2

O QUE É GRAMÁTICA?

O objetivo desta aula é apresentar os conceitos dos tipos de gramática,

1- Gramática Normativa

Essa é a mais conhecida pela população. Conforme dito anteriormente, a gramática normativa é a que impõe as regras para o bom funcionamento da língua falada e escrita, além de ser a ensinada nas escolas.

Entende-se, neste tipo de gramática, que a língua deve ser utilizada de forma correta, em qualquer situação de fala e escrita, ignorando as variações que, inevitavelmente, existem no português.

Endeusada por seus falantes, essa gramática é o que se pode chamar de “preconceituosa”, por não aceitar as variações, além de ser o “terror” de muitos estudantes, tendo em vista a dificuldade de entendimento de suas regras complexas.

O domínio da língua culta é o objetivo dos professores de português que utilizam essa linha de ensino, pois essa é a prestigiada pela sociedade. Segundo Antunes (2007, p.30), as regras de concordância e da regência verbal são as modalidades da sintaxe que mais se encaixam nesse perfil social, já que aí se encontram as normas para um falar “sem erros”.

Em suma, a norma culta não deve ser desmerecida. Ela se encaixa em determinados níveis sociais e em situações específicas, assim como todas as outras. Em momentos formais, ela é estritamente necessária, como por exemplo, numa entrevista de emprego. Em contramão, quando o falante estiver conversando com os amigos ele não deverá usar uma língua formal, pois o ambiente não é propício para essa linguagem. A gramática normativa é importante, mas não essencial.

Por ser a mais comum, não cabe aqui detalhar a fundo suas características.

2 - Gramática Descritiva

A definição de gramática descritiva é muito parecida com a da gramática normativa, podendo ser confundidas.

De acordo com Possenti (2004, p.65), gramática normativa é o conjunto de regras que devem ser seguidas. Já a gramática descritiva é o conjunto de regras que são seguidas.

A visão da gramática descritiva é a de explicar como a língua é falada, o ponto chave da diferenciação entre a gramática normativa.

Possenti (2004, p.66) apresenta alguns exemplos de diferenças entre o que se espera da gramática normativa e o que revela uma gramática descritiva:

a) as segundas pessoas do plural que são encontradas nas gramáticas desapareceram. Na verdade, desapareceu tanto o pronome quanto a forma verbal. O vós passou a ser vocês e o fostes, no caso da forma verbal, passou a ser foram – ficando: vós fostes e vocês foram.

b) os futuros sintéticos praticamente não são mais ouvidos, apesar de serem utilizados na escrita. Na oralidade, o futuro é expresso por uma locução verbal: vou sair, vou cantar... e não mais pela forma sintética: sairei, cantarei. O mesmo pode ser dito do pretérito mais-que-perfeito, que, apesar de ainda ser ensinado nas escolas, não é mais usado na oralidade. O fora, cantara são expressos por tinha ido, tinha cantado.

c) o infinitivo perdeu a sua marca. As pessoas, na oralidade (é sempre bom ressaltar), não usam mais o “r”; dormir passou a ser dormi, com um “i” mais prolongado, como se estivesse acentuado.

d) as formas de terceira pessoa em posição de objeto direto “o/a/os/as” também não se ouvem mais; ocorrem eventualmente na escrita. Foram substituídas por ele/ela/eles/elas, apesar de parecer um escândalo a certos ouvidos. O mesmo ocorre com a forma “lhe(s)” a qual agora funciona como objeto direto, alternando com a sua função de objeto indireto, sendo substituídas, na maioria das vezes, por “a/para ele ou a/para ela”.

e) o pronome “nós” foi substituído por “a gente”, tanto na fala, o que é mais comum, quanto na escrita.

Com esses exemplos ficou mais nítido o conceito de gramática descritiva, quando se fala em gramática do uso da língua. Percebe-se que as regras impostas pela gramática normativa não podem ser direcionada à fala da mesma maneira que à escrita. A fala aceita variações e a escrita não.

A gramática descritiva, de acordo com Antunes (2004, p.33), não foca elementos estruturais da língua e sim hipóteses do uso considerado padrão, ou ainda uma língua, que ao invés de ser usada em situações soltas e descontextualizadas, segue uma linha contextualizada e de uso real.

Vieira e Brandão (2007, p.15) classificam a gramática descritiva como sendo aquela que “pretende depreender o sistema de uma língua, através do estabelecimento de unidades no interior de cada sistema e de suas relações opositivas”, ou seja, a língua deve ser estudada como ela é e não somente através de sua estrutura, deve ser vista de forma heterogênea tanto na fala quanto na escrita, sem descartar, mas adaptando, as regras de uso.

Houaiss (2004), em seu dicionário, segue a mesma linha de Vieira e Brandão, quando da rubrica – lingüística estrutural: Descrição sincrônica de uma língua fundamentada nos postulados do estruturalismo, e que adota a concepção de língua como um sistema em que todos os elementos são interligados e interdependentes e a noção de oposição.

Quando da rubrica – lingüística, Houaiss segue a mesma concepção de Possenti: descrição sincrônica, rigorosa, objetiva e completa (abarcando a fonologia, a morfologia, a sintaxe e a semântica) de qualquer das variantes de uma língua, sem pré-julgamentos quanto à correção gramatical, a partir de um corpus de enunciados produzidos espontaneamente por falantes nativos.

3- Gramática Gerativa

Também conhecida como gramática gerativista, é aquela em que se constitui um sistema de regras direcionadas para a competência linguística.

Idealizada por Noam Chomsky, essa gramática retrata o conhecimento mentalizado que os falantes possuem da língua, uma competência lingüística.

Para entender melhor o que é a gramática gerativa é interessante saber o que é competência linguística :

Na ótica de Chomsky, competência linguística é a capacidade que o falante tem de a partir de um número finito de regras, produzir um número infinito de frases.[...] Passou-se, então, a pesquisar o que faz com que o texto seja um texto, isto é, quais os elementos responsáveis pela textualidade. [...] para os gerativistas todos os povos humanos, desenvolvem a linguagem, portanto, deve haver algo que na mente humana que torna possível tal capacidade ou faculdade. [...] segundo os gerativistas a língua é um sistema de conhecimentos mentais, a competência é o conhecimento que o falante possui e a gramática consiste em um dicionário mental. Chomsky apud Raposo (1992) afirma que “um falante-ouvinte-ideal”, situado numa comunidade linguística completamente homogênea, que conhece a sua língua perfeitamente. E que aplicar seu conhecimento da língua numa performance afetiva, não é afetado por condições gramaticalmente irrelevantes, tais como: limitações da memória, distorções, desvios de atenção e interesses e erros. (adaptado)

Tal concepção seria perfeita se aplicável. Não existe um falante tão ideal, assim como não existe uma comunidade homogênea.


Diante do conceito de competência linguística, pode-se afirmar que de todas as concepções gramaticais apresentadas até agora, essa é a mais próxima da oralidade, pois valoriza a gramática internalizada, aquela que parte do principio de que o falante nasce com conhecimentos gramaticais mínimos.

A gramática gerativa, ainda na visão de Chomsky, é dividida em dois grupos : A Gramática Universal, aquela que está presente em todas as línguas e remete-se ao estado zero da mente e é comum a qualquer pessoa. Englobam-se nesse conceito as propriedades da semântica, sintaxe e morfologia. A Gramática Particular, a qual se utiliza da gramática universal e também das características próprias de cada língua. Os elementos da língua fazem parte da gramática universal, já a forma e ordem de como esses elementos são organizados na linguagem fazem parte da gramática particular.

Para ficar mais claro, entende-se que a gramática universal é aquela comum a todos os falantes da língua materna, por exemplo, no Brasil toda a população fala a Língua Portuguesa. A gramática particular é o uso da língua.

Exemplificando gramática gerativa, Antunes (2007 p.26), apresenta o seguinte exemplo:

Uma criança de dois anos e quatro meses, ao ser interrogada se queria falar pelo telefone com a avó, respondeu prontamente:

– Quero

Observa-se que essa criança não disse “queremos”, “quis”, “querem”, nem outra coisa qualquer que não fizesse sentido nessa situação específica. Pelo contrário, usou o verbo no tempo, pessoa, número e modo adequados.

Diante disso, fica nítida a afirmação de que o falante, mesmo não tendo freqüentado a escola e tido noções de gramática, que certamente seriam passadas na terceira ou quarta série do ensino fundamental, ou seja, muito tarde, possui uma base da língua suficiente para a comunicação.

Houaiss define a gramática gerativa da seguinte maneira, quando da rubrica – linguística: descrição de uma língua que usa regras formalizadas, constituindo um conjunto de instruções inteiramente explícitas e de aplicação mecânica, e que são capazes de gerar todas as frases gramaticais de um língua e nenhuma agramatical.

4- Gramática Internalizada

No item anterior, em diversos momentos foi mencionada a existência de outra gramática, a internalizada.

Possenti (2004 p.69) define gramática internalizada como o conjunto de regras que o falante domina. Isso significa que o falante, mesmo sem ter frequentado a escola, possui conhecimento gramatical suficiente para se comunicar.

Um exemplo de gramática internalizada, comum, é o fato de que as crianças com pouco tempo de vida conseguem se comunicar sem problema, apesar das frases não serem coesas.

Antunes (2007, p. 27), apresenta o seguinte diálogo:

– Quem quer falar com a vovó? Pergunta a mãe de um garoto e ele responde:

– Eu quero! – ou, simplesmente:

– Eu.

Ambas as respostas estão corretas. Na primeira a criança utilizou uma estrutura mais complexa, colocando tanto o sujeito quanto o verbo devidamente conjugado; na segunda, ela omite o verbo e mantém somente o sujeito. Dependendo da idade, a criança utiliza uma estrutura mais secundária, como “eu qué”, ou “qué”.

Antunes (2007,) coloca ainda que:

“Se uma criança diz ‘minhas colegas e meus colegos’, ‘um algodão’ e ‘um algodinho’, é porque já domina as regras morfossintáticas de indicação do masculino e do feminino, bem como as regras de indicação do aumentativo e do diminutivo em português. Ou seja, já sabe esses pontos da gramática”. (p.27)

Scherre (apud Antunes, 2007 p.27) afirma ainda que “com 3 anos de idade, qualquer criança de qualquer parte do mundo se comunica com estruturas linguísticas complexas”.

4- Gramática Funcional

O papel da gramática funcional é o de verificar o modo como a língua está sendo usada em seu dia-a-dia. Ou seja, se aceita aqui o fato de que a língua é dinâmica e está sujeita a variações.

Para os que seguem essa linha o importante é a interação verbal, tendo em vista que é através dela que se conhece a relação interacional entre os indivíduos, fazendo com que fique estabelecida a comunicação entre eles. Fragoso  (2003) propõe algumas características do funcionalismo, observe:

1. A língua é um instrumento de interação social;

2. A principal função da linguagem é mediar a comunicação;

3. A capacidade linguística do falante compreende não só a habilidade de construir e interpretar, mas também de usar tais expressões de maneira apropriada e efetiva;

4. As expressões linguísticas são compreendidas quando consideradas dentro do contexto;

5. Os universais linguísticos são explicados através dos fins de comunicação.

As teorias que norteiam a gramática funcional referem-se, em grande parte, à competência comunicativa, ou seja, a capacidade que o ser humano tem de  interpretar a situação discursiva de maneira apropriada. “Os universais linguísticos, sob a luz dessa abordagem, se constituem de uma derivação da universalidade dos usos da linguagem nas sociedades humanas.” (Fragoso, 2003).

A gramática funcional diferencia-se em vários aspectos da norma, observe algum deles propostos por Fragoso:

Tabela 1 – Norma X Função

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Gramática Normativa                                                        Gramática Funcional

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Interpretação da Língua como um conjunto                      Interpretação da Língua como uma de rede relações

de estruturas                                                                       

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Ênfase nos traços universais da língua: a                         Ênfase nas variações entre línguas diferentes:

                                                                                           semânticas como base - organização em torno da base sintaxe como - organização em torno da                           do texto ou do discurso

frase

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Fonte:
UNIGRANRIO

Em resumo, a gramática funcional trabalha com a perspectiva da emissão/recepção, isto é, o usuário tem a intenção de emitir a mensagem de tal maneira que o ouvinte consiga entendê-la, decodificá-la e interpretá-la de acordo com a situação discursiva.
Na próxima aula serão discutidas questões relativas ao texto, como elementos de coesão e coerência, tipos e gêneros textuais.

aulaº 3

O QUE É TEXTO?

2.1. Introdução

2.2. Conceito de Texto

Segundo Silveira (1986, p.65) o texto é uma unidade significativa, cuja análise requer critérios de coerência, coesão e situacionalidade. Este é apenas um dos vários conceitos de texto existentes nos estudos da Língua Portuguesa.

Houiass , em seu dicionário eletrônico, define texto como sendo: (1) conjunto das palavras de um autor, em livro, folheto, documento, etc., redação original de qualquer obra escrita; (2) conjunto de palavras citadas para provar alguma ideia ou doutrina; e (3) trecho ou fragmento de obra de um autor.

Neste capítulo serão apresentados além dos conceitos de texto, os elementos de coesão e coerência, os tipos e gêneros textuais.

 

De maneira geral, texto é a construção de enunciados verbais e não-verbais, ligadas por elementos coesivos, os quais o tornam coerente de acordo com o contexto.

Não há como definir texto sem falar de contexto. Contexto é o universo do discurso, é o onde ocorre o fato definido no texto. Para Houiass, é o conjunto de palavras, frases, ou o texto que precede ou se segue a determinada palavra, frase ou texto, e que contribuem para o seu significado; o encadeamento do discurso. Isso quer dizer que é necessário ter um contexto para que o discurso seja passado de forma coerente e clara para o leitor. Os PCNs consideram o texto como o ponto-chave para o ensino de língua portuguesa. Segundo eles, o discurso quando realizado pelo falante, seja de forma oral ou escrita, produz um resultado significativo e este resultado é um texto. Todavia, esta sequência verbal deve ser constituída de relações entre si, causando uma relação de coesão e coerência, as quais serão explicadas posteriormente.

Em resumo, isso quer dizer que para um texto ser um texto, ele deve estar inserido num contexto e ter uma significação global, deverá ser compreendido por seu leitor, caso contrário será apenas um amontoado de palavras sem sentido.

Os textos, ainda, poderão estar em constante ou contínua relação com outros textos, isto é, desde que se relacionam significativamente. Ou seja, um texto completa ou complementa a ideia de outro texto, de forma implícita ou explicita. Isso é chamado de intertextualidade.

Uma das características do leitor/escritor que possui competência discursiva é o sujeito que é capaz de utilizar a língua de modo variado, produzindo diversas maneiras de adequação dos textos em diferentes situações de interlocução oral e escrita. É o que os PCNs chamam de competência linguística (refere-se aos saberes que o falante/intérprete possui sobre a língua da sua comunidade e utiliza para a construção das expressões que compõem os seus textos, orais e escritos, formais e informais, independentemente da norma padrão, escolar ou culta) e competência estilística (refere-se à capacidade de o sujeito escolher, dentre os recursos expressivos da língua, os que mais convêm às condições de produção, à destinação, finalidades e objetivos do texto e ao gênero e suporte).

No próximo item, trabalhar-se-á com os elementos primordiais para a construção de um texto.

2.3. Elementos Textuais: Coesão e Coerência

O texto é uma unidade significativa composta por duas estruturas fundamentais para a o seu entendimento: micro estrutura e macro estrutura.

Os elementos micro estruturais são elementos gramaticais responsáveis pelo ligamento do texto, conhecidos como conectivos. Os conectivos são micro estruturas textuais conhecidas como coesão. Elas são fundamentais para a estrutura do texto, pois são através delas que as frases são ligadas permitindo ao texto a inserção no contexto em que está sendo produzido. Elas são consideradas uma micro estrutura porque estão diretamente ligadas ao texto.

Segundo Silveira (2004):

Um texto responde às exigências de coesão se todas as frases que o compõem aí são aceitáveis como sequências possíveis do contexto anterior. Assim, parece-nos improvável que um texto seja simplesmente uma sequência de frases ou mesmo que uma frase se reduza se reduza a uma sequência simplesmente linear de palavras; neste sentido, para nós, toda descrição, seja de frases ou de sequência de frases, deve estar integrada à coerência macro estrutural. (p. 68)

Isso significa que a coesão é diretamente proporcional à coerência. Para que um texto seja coerente de acordo com o contexto apresentado, ele deve estar corretamente ligado.

A coesão pode ser vista tanto em enunciados mais simples, como “Mulheres de três gerações enfrentam o preconceito e revelam suas experiências”, quanto em mais complexos, como “Os amigos que me restam são da data mais recente; todos os amigos foram estudar a geologia dos campos santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários e tal frequência é cansativa. (Machado de Assis)” 

No enunciado mais simples tem-se como modelo de coesão o substantivo mulheres e o pronome a que se refere, sua, enquanto que no mais complexo tem-se o pronome que remetendo a amigos, o qual é sujeito dos verbos restamsão.

É importante ressaltar que o texto não deixa de ser coerente simplesmente por não possuir elementos de coesão, bem como os elementos coesivos não são suficientes para dar coerência ao texto. Observe:

“Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-se. Lanchou. Escovou. Abraçou. Beijou. Saiu. Entrou. Cumprimentou. [...]”.

Este é um fragmento do texto “Como se conjuga um empresário”  e nele verifica-se que não possui nenhum elemento coesivo, todavia é possível compreender o sentido do texto, sendo assim ele é coerente.

Agora observe, novamente:

“As janelas casa foram pintadas de azul, mas os pedreiros estão almoçando. A água da piscina parece limpa, entretanto foi tratada com cloro. A vista que tenho da casa é muito agradável”.

Esta passagem possui elementos coesivos, contudo não tem sentido, o que significa dizer que este texto é incoerente.

É importante frisar que, embora a coesão não seja condição suficiente para que enunciados se constituam em texto, são eles que dão maior legitimidade, fazendo com que as relações entre os elementos fiquem evidentes.

Quanto à classificação, coesão pode ser gramatical e lexical.

A gramatical é aquela feita por elementos da gramática, como concordâncias nominais e verbais, vocábulos, conectores, pronomes pessoais de terceira pessoa, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos, além de advérbios, numerais, artigos definidos, de expressões de valor temporal.

A coesão gramatical é dividida em 04 grupos:

Tabela 2 – Coesão Gramatical


Fonte: UFRJ

A lexical é aquela em que termos relacionados entre si são retomados, até mesmo por possuírem traços semânticos semelhantes ou opostos. Esta pode ser classificada em: reiteração ou substituição. Veja o quadro:

2.2. Conceito de Texto O QUE É TEXTO?

2.1. Introdução

Segundo Silveira (1986, p.65) o texto é uma unidade significativa, cuja análise requer critérios de coerência, coesão e situcionalidade. Este é apenas um dos vários conceitos de texto existentes nos estudos da Língua Portuguesa.

Houiass , em seu dicionário eletrônico, define texto como sendo: (1) conjunto das palavras de um autor, em livro, folheto, documento, etc., redação original de qualquer obra escrita; (2) conjunto de palavras citadas para provar alguma ideia ou doutrina; e (3) trecho ou fragmento de obra de um autor.

Neste capítulo serão apresentados além dos conceitos de texto, os elementos de coesão e coerência, os tipos e gêneros textuais.

 

De maneira geral, texto é a construção de enunciados verbais e não verbais, ligadas por elementos coesivos, os quais o tornam coerente de acordo com o contexto.

Não há como definir texto sem falar de contexto. Contexto é o universo do discurso, é o onde ocorre o fato definido no texto. Para Houiass, é o conjunto de palavras, frases, ou o texto que precede ou se segue a determinada palavra, frase ou texto, e que contribuem para o seu significado; o encadeamento do discurso. Isso quer dizer que é necessário ter um contexto para que o discurso seja passado de forma coerente e clara para o leitor.

Os PCNs consideram o texto como o ponto-chave para o ensino de língua portuguesa. Segundo eles, o discurso quando realizado pelo falante, seja de forma oral ou escrita, produz um resultado significativo e este resultado é um texto. Todavia, esta sequência verbal deve ser constituída de relações entre si, causando uma relação de coesão e coerência, as quais serão explicadas posteriormente.

Em resumo, isso quer dizer que para um texto ser um texto, ele deve estar inserido num contexto e ter uma significação global, deverá ser compreendido por seu leitor, caso contrário será apenas um amontoado de palavras sem sentido.

Os textos, ainda, poderão estar em constante ou contínua relação com outros textos, isto é, desde que se relacionam significativamente. Ou seja, um texto completa ou complementa a ideia de outro texto, de forma implícita ou explicita. Isso é chamado de intertextualidade.

Uma das características do leitor/escritor que possui competência discursiva é o sujeito que é capaz de utilizar a língua de modo variado, produzindo diversas maneiras de adequação dos textos em diferentes situações de interlocução oral e escrita. É o que os PCNs chamam de competência linguística (refere-se aos saberes que o falante/intérprete possui sobre a língua da sua comunidade e utiliza para a construção das expressões que compõem os seus textos, orais e escritos, formais e informais, independentemente da norma padrão, escolar ou culta) e competência estilística (refere-se à capacidade de o sujeito escolher, dentre os recursos expressivos da língua, os que mais convêm às condições de produção, à destinação, finalidades e objetivos do texto e ao gênero e suporte).

No próximo item, trabalhar-se-á com os elementos primordiais para a construção de um texto.

2.3. Elementos Textuais: Coesão e Coerência

O texto é uma unidade significativa composta por duas estruturas fundamentais para a o seu entendimento: micro estrutura e macro estrutura.

Os elementos micro estruturais são elementos gramaticais responsáveis pelo ligamento do texto, conhecidos como conectivos. Os conectivos são micro estruturas textuais conhecidas como coesão. Elas são fundamentais para a estrutura do texto, pois são através delas que as frases são ligadas permitindo ao texto a inserção no contexto em que está sendo produzido. Elas são consideradas uma micro estrutura porque estão diretamente ligadas ao texto.

Segundo Silveira (2004):

Um texto responde às exigências de coesão se todas as frases que o compõem aí são aceitáveis como sequências possíveis do contexto anterior. Assim, parece-nos improvável que um texto seja simplesmente uma sequência de frases ou mesmo que uma frase se reduza se reduza a uma sequência simplesmente linear de palavras; neste sentido, para nós, toda descrição, seja de frases ou de sequência de frases, deve estar integrada à coerência macroestrutural. (p. 68)

Isso significa que a coesão é diretamente proporcional à coerência. Para que um texto seja coerente de acordo com o contexto apresentado, ele deve estar corretamente ligado.

A coesão pode ser vista tanto em enunciados mais simples, como “Mulheres de três gerações enfrentam o preconceito e revelam suas experiências”, quanto em mais complexos, como “Os amigos que me restam são da data mais recente; todos os amigos foram estudar a geologia dos campos-santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas crêem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários e tal frequência é cansativa. (Machado de Assis)” 

No enunciado mais simples tem-se como modelo de coesão o substantivomulheres e o pronome a que se refere, sua, enquanto que no mais complexo tem-se o pronome que remetendo a amigos, o qual é sujeito dos verbos restame são.

É importante ressaltar que o texto não deixa de ser coerente simplesmente por não possuir elementos de coesão, bem como os elementos coesivos não são suficientes para dar coerência ao texto. Observe:

“Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-se. Lanchou. Escovou. Abraçou. Beijou. Saiu. Entrou. Cumprimentou. [...]”.

Este é um fragmento do texto “Como se conjuga um empresário”  e nele verifica-se que não possui nenhum elemento coesivo, todavia é possível compreender o sentido do texto, sendo assim ele é coerente.

Agora observe, novamente:

“As janelas casa foram pintadas de azul, mas os pedreiros estão almoçando. A água da piscina parece limpa, entretanto foi tratada com cloro. A vista que tenho da casa é muito agradável”.

Esta passagem possui elementos coesivos, contudo não tem sentido, o que significa dizer que este texto é incoerente.

É importante frisar que, embora a coesão não seja condição suficiente para que enunciados se constituam em texto, são eles que dão maior legitimidade, fazendo com que as relações entre os elementos fiquem evidentes.

Quanto à classificação, coesão pode ser gramatical e lexical.

A gramatical é aquela feita por elementos da gramática, como concordâncias nominais e verbais, vocábulos, conectores, pronomes pessoais de terceira pessoa, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos, além de advérbios, numerais, artigos definidos, de expressões de valor temporal.

A coesão gramatical é dividida em 04 grupos:

Tabela 2 – Coesão Gramatical


Fonte: UFRJ

A lexical é aquela em que termos relacionados entre si são retomados, até mesmo por possuírem traços semânticos semelhantes ou opostos. Esta pode ser classificada em: reiteração ou substituição. Veja o quadro:

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