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       ocábulo, palavra, termo.

       A comunicação e os seus elementos.

Signo linguístico: significante e significado.

Discurso ou fala - Língua e discurso.

Linguagem e língua: funções da linguagem; linguística.

A linguagem e os tipos de discurso.

Língua: norma culta; o conceito de erro em língua;

língua escrita e língua falada, nível de linguagem; a gíria.

 

V

Vocábulo é o elemento linguístico de autonomia formal, sem valor semântico.(V. significante adiante.)

     O filólogo Mattoso Câmara classificou os vocábulos em  dois grandes grupos:

     a)  formas livres:são os vocábulos que podem ser empregados

     gados isoladamente: casa, escola, dia, hoje, cidade,etc.e 

     b) formas dependentes:são os vocábulos átonos, que sempre dependem de formas livres: o, lhe, de, para, nos,que,etc.

     Aos não-vocábulos,Mattoso Câmara chama formas presas,

que sempre aparecem ligadas a outras formas. São constituídas

por afixos, desinências, etc.: infelismente, livrinho,etc.

 

    Palavra é a unidade linguística formal com valor semântico.

( V. significado adiante.) 

    Assim, obnóxio é apenas um vocábulo para aquele que lhe desconhece o significado; é uma palavra sem deixar de ser

    vocábulo, para o que saiba ser sinônimo de perigoso, nefasto,

funesto.

     É comum o emprego de palavra por vocábulo, não constituindo a troca nenhuma impropriedade; não se pode dizer o

mesmo, contudo, do uso inverso.

     Termo é a unidade linguística num contexto oracional.

      Assim, na oração " O professor ganha pouco", temos três  termos: o professor (sujeito), ganha (verbo intransitivo) e pouco (adjunto adverbial).

      Em rigor; portanto, diremos: o  vocábulo  professor  possui   três sílabas; a palavra professor é um substantivo; o termo professor é o sujeito dessa oração.

      Em "aviso de amigo", de amigo é um termo(adjunto adnominal), constituído de duas palavras.

      É comum o emprego de termo por palavra; o uso inverso, porém, caracteriza impropriedade.

      A preposição de e a conjunção que são sempre vocábulos, ou palavras, jamais termos

Vocábulo, palavra, termo

 

A comunicação e os seus elementos

Signo Linguístico: significante e significado

 

      Comunicação é troca, entendimento, compreensão. É o processo de que o homem dispõe para transmitir ideias, senti-

mentos, experiências, informações, etc.

      São seis os elementos da comunicação: o emissor, o receptor, a mensagem , o código, o canal e o referente.

      Emissor (ou codificador, fonte, remetente) é o que formula a mensagem, mediante a palavra oral ou escrita, gestos, desenhos, etc. Ex.:

 

        o professor numa sala de aula

        o rádio

        a televisão

        um computador

 

        Receptor (ou decodificador, destinatário) é o que interpreta a mensagem transmitida pelo emissor. Ex.:

 

        os alunos numa sala de aula

        a plateia de um teatro

        um auditório

        uma multidão num comício

 

        Mensagem é tudo aquilo que o emissor leva ao receptor. Pode ser visual, auditiva, audiovisual, etc.

        

        Código é o sistema de signos e regras que possibilita a elaboração e a compreensão de mensagem. Quando nos    

        comunicamos, utilizamos um código verbal, ou seja, uma língua. Além do código verbal, existem os códigos nao

        verbais (sinais de trânsito, expressões faciais, gestos, etc.).

        O código, segundo o linguista André Martinet, é uma organização que permite a enunciação da mensagem. A  mensa-

        A mensagem concretiza, desta forma, a organização do código.

      

        Canal é o meio físico através do qual a mensagem se propaga, é a via de circulação da mensagem.

 

        Referente é constituído pelo contexto, pela situação e pelos objetos reais aos quais a mensagem se refere.

 

        O emissor deve ter sempre em mente que a sua comunicação será tanto mais eficaz quanto mais se observarem as             seguintes normas:

 

        a) certo conhecimento do que se vai falar; daí a importância da leitura, da pesquisa e  do debate, da discussão;

        b) conhecimento razoável do nível de fala do seu receptor, a fim de que possa adequar a sua mensagem;

        c) conhecimento e domínio significativos das possibilidades e das regras do código, pelo qual o emissor se expressa;

        d) escolha do canal mais adequado para o envio da mensagem.

 

             Apesar de tudo isso, a comunicação pode não ser perfeita,  ou seja, a mensagem pode não ser absorvida pelo receptor, por conter algum tipo de ruído. Ruído é tudo o que prejudica a transmissão de umamensagem. São geralmente

        causas de ruído: a má transmissão do emissor, a falta de atenção do receptor ou o conhecimento insatisfatório do código.Uma buzina alta durante o diálogo é um ruído, assim como uma gíria desconhecida do receptor é também um ruído.

 

 

        

 

 

        

 

    Signo linguístico é a menor unidade semântica de um código. Todo signo compreende:

a) o significante, que é a forma, o elemento material, perceptível (som, letra, etcc.) e

b) o significado, que é o elemento conceptual, o conteúdo semântico, não perceptível por nenhum sentido. Ex.: bola ( é

    um sígno linguístico, porque se trata de elemento material, perceptível, que nos comunica alguma coisa). O som bola e a     forma gráfica bola são significantes, formas externas, que levam a uma mesma ideia ou significado: o conceito de bola.

    Todo signo é convencional. Daí por que a maior parte dos signos linguísticos é arbitrária, ou seja, não há nenhuma

    representação gráfica ou som de bola e o objeto designado.

    Fogem a esse conceito as onmatopéias que procuram imitar um determinado som: clique, fomfom, coaxar, cocoroco,

    tiziu,etc.

Discurso ou fala - Língua e discurso

 

    O discurso ou fala é a utilização da língua pelo falante a seu modo, segundo suas possibilidades. É a escolha pessoal que o indivíduo faz dos signos da língua, para a expressão do seu pensamento. É , enfim, o uso individual da língua, com todas as suas implicações de criatividade e liberdade.

     A língua é um instrumento social à disposição do indivíduo falante; o discurso é uma realização pessoal, individual.

     Foi o linguista suiço Louis Ferdinand de Saussure o responsável pela dicotomia língua/discurso ou fala (em francês, "langue/parole"). Enquanto "la langue" constitui um sistema, um organismo, um instrumento, "la parole" é a sua expressão particular, que obedece à situação de momento que o falante está vivendo.

     O discurso é, desta forma, a concretização da linguagem falada. Preferimos a denominação discurso à denminação fala, porque nos permite entender tanto a modalidade relaizada oralmente (fala) quanto a realizada graficamente (escrita).

      O discurso é a parte máxima da linguagem, de que o fonema é a parte mínima, a saber:

              

 

Linguagem e língua: funções da linguagem; linguística

 

Funções da linguagem

 

A linguagem e os tipos de dicurso

 

        o discurso se decompõe em períodos;

        o períod se decompõe em orações;

        a oração se decompõe em palavras;

        a palavra se decompõe em sílabas e

        a sílaba se decompõe em fonemas

 

       

 

 Linguagem é a faculdade que possui o homem de poder expressar seus pensamentos

      

        A linguagem envolve sons e sinais de que pode servir-se o homem para transmitir suas ideias, sensações, experiências, etc. Assim, quando o homem fala, emite sons (usa a linguagem falada); quando escreve, utiliza sinais ( usa a linguagem escrita); quando emite gestos, usa a linguagem mímica, etc.

         Quando essa faculdade passa a pertencer a um determinado povo, com o seu complexo sistema de sons e sinais constitui a língua 

          A língua é, assim, uma consequência da evolução da linguagem, já que se trata de uma sistematização de elementos vocais representativos. A língua é, em suma, a linguagem articulada, apanágio do ser humano.

          Aos linguistas intereressam apenas a linguagem falada e a linguagem escrita.

           Línguística é a ciência da linguagem. Pode ser diacrônica (estuda os fatos de uma língua em épocas diferentes) e sincrônica (estuda os fatos de uma língua em determinada época).

          A função principal da linguagem é a comunicação.

 

        

Para procedermos a uma análise de qualquer manifestação literária, temos de conhecer as funções da linguagem.

         Comecemos por estabelecer o significado da palavra função. Todos os objetos  ou seres úteis possuem uma função definida. Este site, por exemplo, possui a sua função: fornecer conhecimentos de nossa língua para serem usados na vida prática.

          Numa empresa comercial ou industrial, cada funcionário desempenha uma função, desde o diretor-presidente ao contínuo ou bói.

          A linguagem também possui as suas funções.

          A cada um dos elementos da comunicação, o linguista Roman Jakobson fez corresponder uma função linguística:

 

1) a função referencial, informativa ou cognitiva: é a comunicação pura e simples; está centrada no assunto ou  

    referente;por isso, a maior preocupação, neste caso, é a mensagem; o emissor se limita a informar.  Caracteriza-se pelo     uso da 3ª pessoa do discurso e pela denotação.Ex.:

 

          O Brasil é um país devedor.

 

          O Sol é o centro do nosso sistema  planetário.

          

2) a função emotiva ou expressiva: centrada no emissor da mensagem, veicula seus sentimentos, emoções e  

    julgamentos; por isso, o texto é crítico, subjetivo. Ex.:

 

           Meu Deus, o Brasil nunca mais vai pagar essa dívida!

 

3) a função conativa ou apelativa: centrada no receptor da mensagem, visa a uma atitude ou tomada de posição por  

    parte do interlocutor ou receptor; por isso, o texto é geralmente persuasivo, sedutor. Toda mensagem publicitária é  

    exemplo flagrante deste tipo de funão. Ex.:

 

    Você acha que o Brasil vai conseguir pagar essa dívida?

 

4) a função fática: centrada no contato, no canal, caractreriza-se pelo uso de certas expressões visando a estabelecer e

    manter  o contato com o interlocutor. Ex.:

 

            Sabe, meu amigo, que o Brasil é um país devedor? Hem?

             

            Alô, alô, não desligue, não, ouviu?

 

5)  a função metalinguística: centrada no código, traz sempre uma explicação, procurando definir o que não está claro. Ex.:

 

             O que é o amor? É um sino sem badalo.

 

     Qualquer professor na sala de aula que utilize uma dada língua, está fazendo uso da função metalinguística. Os livros

     didáticos também o fazem.

 

6)  a função poética: centrada na própria mensagem, valoriza a infomação pela forma como é veiculada. O ritmo, a sono-

     ridade e a estrutura da mensagem Têm importância igual à do conteúdo das informações.É a função do estético, mas

     não é exclusiva da poesia, pois pode existir também na prosa. Nela predominam a conotação e o subjetivismo. Ex.:

 

                 Pensar eu que o teu destino

                 Ligado ao meu, outro fora

                 Pensar que te vejo agora,

                 Por culpa minha, infeliz...(G. Dias)

                 Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lugar lhe Vêm.Provérbio)

 

     Numa mensagem podem ser encontradas duas ou mais funções, porém, sempre, com predominância de uma delas. 

     O austríaco  Karl Buhler foi o primeiro a estabelecer as funções da linguagem, mas se limitou apenas a três tipos, a que denominou: representativa (referencial), emotiva e apelativa (conativa). Jakobson ampliou para seis, incluindo os três últimos tipos.

 

 

 

 

 

 

                      

        

            Ao anlisarmos os aspectos linguísticos de qualquer narrativa, distinguimos a linguagem do narrador, que é o contador da estória, e a linguagem das personagens, que são as pessoas que tomam parte na estória, agindo, dialogando, sentindo, desabafando, etc. O próprio narrador pode ser uma personagem. É o chamado narrador-personagem; neste caso, o verbo estará sempre na primeira pessoa.

 

             A linguagem do narrador é normalmente caracterizada pela obediência à norm direto da personagema culta. Já na linguagem das personagens, o fundamental é que haja uma adequação da forma linguística com a personagem (seu meio cultural, sua situação de momento, posição social, etc.). Está claro que um padrenão fala como um matuto, assim como um adulto normal não fala como uma criança.

 

             As narrativas geralmente são marcadas pelo diálogo, que permite o contato direto da personagem com o leitor.

Tipos de discurso

 

      São três os tipos de discurso:

 

                                              1) DISCURSO DIRETO

 

       É a personagem falando. Ex.:

 

            A moça ia no ônibus muito contente da vida, mas, ao saltar, a contrariedade se anunciou:

 

                    __ A sua passagem já está paga __ disse o motorista.

                    __ paga por quem?

                    __ Esse cavalheiro aí. (fernando Sabino)

            Além da fala visível da personagem, o discurso direto se caracteriza pelo uso, por parte do narrador, de um verbo

       discendi, ou seja, de qualquer verbo que denote o ato de falar: afirmar, dizer, exclamar, indagar, mandar, ordenar,

       pedir, perguntar, responder,etc. No exemplo visto, o verbo discendi, foi usado depois do enunciado:

                    __ A sua passagem já está paga __ disse o motorista.

       Na falta do verbo dicendi, o narrador utiliza um recurso de pontuação, geralmente vírgula, dois-pontos, travessão,

       aspas ou mudança de linha. No exemplo visto, o narrador usou o dois-pontos (anunciou:) e o travessão ( __ A sua

       passagem).

                                                 2) DISCURSO INDIRETO

 

       É o narrador falando pela personagem. Ex.:

 

            O doutor Fábio, em frente de sua mesa de trabalho, ar um tanto cansado, com grande simpatiua, perguntou-me

 

                   O doutor Fábio, em frente de sua mesa de trabalho, ar um tanto cansado, com grande simpatia, perguntou-me

                   o que eu desejava.

                   Respondi-lhe prontamente que desejava um lugar na expedição. (O.B. Mott)

       No discurso indireto, o verbo dicendi vem seguido de uma oração substantiva, iniciada pelo conetivo que ou se.

       No discurso direto, esse mesmo texto se veria desta forma:

                    O doutor Fábio, em frente de sua mesa de trabalho, ar um tanto cansado, com, com grande simpatia,

       perguntou-me 

                    __ O que você deseja ?

                    Respondi-lhe prontamente:

                    __Desejo um lugar na expedição.

      

 

                                                 3) DISCURSO INDIRETO LIVRE OU SEMI-INDIRETO

 

       É o narrador reproduzindo o pensamento da personagem. Ex.:

 

                   Um dia acabou encontrando-se com ela numa rua escura e semideserta. Seus olhares, cúmplices, se cruzam.        Chegou a hora de espantar incertezas. Não, mas não quero precipitar-me. 

                   Note: o pensamento da pesonagem se confunde com a própria linguagem do narrador. Não se usa verbo dicendi nem conetivos. Trata-se de um tipo de discurso que aproxima o narrador da personagem.

 

       Transposições

 

        Na transposição do discurso direto para o indireto se observam algumas modificações na linguagem:

a)     Os pronomes pessoais , possessivos, demontrativos e verbos da primeira pessoa passam para a terceira pessoa:

 

         Eu, me,mim, comigo____ Ele, ela, o, a, lhe, se, si, consigo

         Nós, nos, conosco ____ Eles, elas, os,as, lhes, se, si, consigo

         Meu, minha, noso, nossa ____seu, sua, seus,suas

         Este, esta,isto ____ Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo

         O que faremos? ____Eles perguntaram o que fariam.

 

b)    Os advérbios aqui e passam a ali e , respectivamente, assim como agora passa a naquela ocasião e hoje a  

       naquele dia. Ex.: 

       ---- O que faremos aqui?----Eles perguntaram o que fariam ali

       ---- O que faremos agora?---- Eles perguntaram o que fariam naquela ocasião.

c)    ---- O presente do indicativo passa ao imperfeito desse mesmo modo. Ex.:

       ---- O que fazemos? ---- Eles perguntaram o que faziam.

d)    ---- O pretérito perfeito do indicativo passa ao mais-que-perfeito desse mesmo modo.Ex.:

       ---- O que fiz? ---- Ele perguntou o que fizera.

e)    ---- O futuro do presente passa ao futuro do pretérito. Ex.:

       ---- O que farei? ---- Ele perguntou o que faria.

f)     ---- O imperativo, o presente e o futuro do subjuntivo passam ao imperfeito do subjuntivo. Ex.:

       ---- Faça o exercício! ---- O professor mandou que ele fizesse o exercício.

       ---- Espero que faça o exercício. ---- O professor disse que esperava que ele fizesse o exercício.

       ---- Avise-me quando fizer o exercício. ---- O professor pediu que ele avisasse quando fizesse o exercício.

Língua

       A língua é um código de que se serve o homem para elaborar mensagens para se comunicar. 

       Existem  basicamente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas funcionais:

1)    a  língua funcional de modalidade culta, língua culta ou língua padrão, que compreende a língua literária, tem por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo seguimento mais culto e influente de uma sociedade. Constitui,em suma, a língua utilizada pelos veículos de comunicação de massa (emissoras dee rádio e televisão, jornais, revistas, paineis, anúncios, etc.) cuja função é de serm aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colaborando naeducação, e nãojustamente o contrário;

2) a língua funcional de modalidade popular, língua popular ou líungua cotidiana, que apresenta gradações as mais diversas, tem o seu limite na gíria e no calão. 

Norma Culta

         A norma culta, forma linguística que todo povo civilizado possui, é a que assegura  a unidade da língua nacional. É justamente em nome dessa, tão importante do ponto de vista político-cultural, que é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas.

          Sendo mais espntânea e criativa, a língua popular se afigura mais expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exemplificação:

           Estou preocupado. (norma culta)

           Tô preocupado. (língua popular)

           Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)

     Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a expontaneidade, expressividade e enorme criatividade para viver, urge conhecer a língua culta para conviver.

            Podemos, agora definir gramática: é o estudo das normas da língua culta.

O conceito de erro em língua

     Em rigor ninguém comete erro em língua, exceto nos casos de ortografia. O que normalmente se comete são transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do discurso, diz: "Ninguém deixou ele falar", não comete propriamente erro; na verdade, transgride a norma culta.

         Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um banquete trajando xortes ou quando um banhista, numa praia, vestido de fraque e cartola.

           Releva considerar, assim, o momento do discurso, que pode ser íntimo, neutro ou solene.

           O momento íntimo é o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala, na fala entre amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas perfeitamente normais construções do tipo:

                  Eu não vi ela hoje.

                  Ninguém deixou ele falar.

                  Deixe eu ver isso!

                  Eu te amo, sim, mas não abuse!

                  Não assisti o filme nem vou assistí-lo

                  Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo

            Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a norma culta, deixando mais livres os interlocutores.

            O momento neutro é o do uso da língua padrão, que é a língua da nação. Como forma de respeito, tomam-se por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se alteram:

                   Eu não a vi hoje.

                   Ninguém o deixou falar.

                   Deixe-me ver isso!

                   Eu te amo,sim, mas não abuses!

                   Não assisti ao filme nem vou assitir a ele.

                   Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.

              Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,etc.). Daí o fato de não se admiturem deslizes ou transgressões da norma culta na escrita e na fala de jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço à causa do ensino, e não o contrário.

              O momento soplene, acessível a poucos, é o da arte poética, caracterizado por construções de rara beleza.

             Vale lembrar, finalmente , que a língua é um costume. Como tal, quelquer transgressão, ou chamado erro, deixa de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico (registro de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda que não tenha amparo gramatical). Ex.:

                Olha eu aqui! (substituiu: Olha-me aqui!)

                Vamos nos reunir: (substituiu: Vamo-nos reunir.)

                Nao vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos dispersar e não vamos dispersar-nos.)

                Tenho que sair daqui depressinha. (substituiu: Tenho de sair daqui bem depressa.)

                O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no seu posto)

             Têxtil, que significa rigorosamente que se pode tecer, em virtude do seu significado, não poderia ser adjetivo associado a indústria, já que não existe indústria que se pode tecer. Hoje , porém, temos não só a indústria têxtil como também o operário têxtil, em vez da indústria de fibra têxtil e do operário da indústria de fibra têxtil

                  As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos também de transgressões ou de "erros" que se tornaram fatos linguísticos, já que só ocorrem hoje porque a maioria viu tais verbos derivados de pedir, que tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as formas então legítimas impido, despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de usar.

Observação

         Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário escolar palavras como corrigir e correto, quando nos referimos a frases." Corrija estas frases" é uma expressão que deve dar lugar a esta , por exemplo: "Converta estas frases da língua popular para a língua culta".

              Uma frase  correta não é aquela que se contrapõe a uma frase "errada" ; é,na verdade, uma frase elaborada conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma culta

Lingua escrita e língua falada. Nível de linguagem

           A língua escrita, estática , mais elaborada e menos econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua falada.

         A  acentuação (relevo) de sílaba ou sílabas), a entoação (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e a evoluções.

           Nenhuma, porém, se sobrepõe a ourta em importaância. Nas escolas principalmente, costuma se ensinar a língua falada com base na língua escrita, considerada superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as emendas a que os professores sempre estão atentos.

           Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mostrando as características e as vantagens de uma e outra, sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade ou inferioridade, que em verdade inexiste.

         Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de dialetos, consequeência natural do enorme distanciamento entre uma modalidade e outra.

             Com propriedade, afirma o prof. Sebastião Expedito Ignácio, da Universidade Estadual de São Paulo(UNESP): "O fato de que é o povo que faz a língua não quer dizer que se deve aceitar tudo o que vem a ser criado pelo povo. A língua presupõe também cultura e, às vezes, o próprio povo se encarrega de repelir uma criação que não se enquadre dentro do espírito da língua como evolução natural".

             A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-elaborada que a língua falada, porque é a modalidade que mantém a unidade linguística de um povo, além de ser a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo , se processam lentamentente e em número consideravelmente menor, quando cotejada com a modalidade falada.

             Importante é fazer o educando perceber que o nível da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com a situação em que se desenvolve o discurso.

            O ambiente sociocultural determina o nível da linguagem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não fala com uma criança como se estivesse dizendo missa, assim como uma criança não fala como um adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso, um mesmo nível de fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e na sala de aula.

             Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre esses níveis, se destacam em importância o culto e o cotidiano, a que já fizemos referência.

A gíria

            Ao contrário do que muitos pensam, a gíria não constitui fragelo da línguagem. Quem, um dia , já não usou bacana, dica, cara, chato, cuca, esculacho,, estrilar?

                 O mal maior daíria reside na sua adoção como forma de comunicação, desencadeando um processo não só de esquecimento, como de desprezo de do vocabulário oficial. Usada no momento certo, porém, a gíria é um elemento de linguagem que denota expressividade e revela grande criatividade, desde que, naturalmente, adequada à mensagem, ao meio e ao receptor. Note, porém, que estamos falando em gíria, e não em calão.

                  Ainda que criativa e expressiva, a gíria só é admitida na língua falada. A língua escrita não a tolera, a não ser na reprodução da fala de determinado meio ou época, com a visível intenção de documentar o fato, ou em casos especiais de comunicação entre amigos, familiares, namorados, etc., caracterizada pela linguagem informal.

                     

     

                    

 

 

             

                  

                 

     

       

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